sábado, 18 de julho de 2009

No capítulo:Tuberoso e sensual


Chegava ao epílogo do cerimonial quando, vindo do jardim, filtrando-se por entre as juntas dos vidros, subiu até seu nariz o penetrante perfume da madressilva. Fechou os olhos e aspirou.Era um perfume sedioso, o dessa trepadeira incoerente. Permanecia muitos dias fechada em si mesma, sem liberar seu aroma verde, como se estivesse entesourando e recarregando-o, e , de repente em certos momentos misteriosos do dia ou da noite, em decorrência da umidadedo ambiente, ou dos movimentos da lua e das estrelas, ou de certos discretos cataclismos ocorridos lá embaixo, no seio da terra onde se hospedavam sua raízes, descarregava sobre o mundo aquele bafo agridoce e pertubador que fazia pensar em mulheres morenas, com cabeleiras compridas e ondulantes, e em danças nas quais se divisavam, no desenfreado redemoinho das saias , coxas acetinadas, nádegas apertadas, tornozelos finos e , fofo-fátuo veloz, a madeixa de um frondoso púbis." Elogio da madrasta, Mário Vargas Llosa

Abraços

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