sábado, 7 de maio de 2011

Eu sou trezentos, M.de Andrade

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!

Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo

2 comentários:

  1. Lindo este poema do M.A. Eloísa. Não o conhecia. Assim como a música, a poesia me enche a alma de algo que não sei explicar, como agora: estou me sentindo o trezentos-e-um, o trezentos e cincoenta-e-um.

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