segunda-feira, 25 de maio de 2009

Voz que se cala



Amo as pedras, os astros e o luar

Que beija as ervas do atalho escuro,

Amo as águas de anil e o doce olhar

Dos animais, divinamente puro.


Amo a hera que entende a voz do muro

E dos sapos, o brando tilintar

De cristais que se afagam devagar,

E da minha charneca o rosto duro.


Amo todos os sonhos que se calam

De corações que sentem e não falam,

Tudo o que é Infinito e pequenino!


Asa que nos protege a todos nós!

Soluço imenso, eterno, que é a voz

Do nosso grande e mísero Destino!…


Florbela Espanca

Nenhum comentário:

Postar um comentário