segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Matamorfose, de Cesar de Arujo


Metamorfose

Para vergá-la precisei de usar

uma nova linguagem que não minha:

desalfabetizei-me do pensar

e do equilíbrio que a palavra tinha.


E a joguei na cama-pasto a esporear-

lhe o dorso. (Égua de mulher feminina

e doce!) Ela deixou-me ruminar-

lhe o capinzal no vale de sua tina.


E quando me sentiu seu dono e fado

"seu cavalo!" e cavaleiro, entregou-

se inteiramente à monta. Dali afora.


pôde-se ouvir por todo o imenso prado

gargalhadas de amor que relinchou.

Saímos cavalgando pela aurora.

sábado, 7 de novembro de 2009

Começando a lavourar


Os sons se fecham
os sons se abrem

os sons me tocam

a tarde arde

Que que foi que que foi que que foi?,

o pássaro canta.

Esta lavoura de sons

estas plantações de cores

são o plantar da linguagem

carícias da língua na mente

bem arcaicos bem presentes

são sons que exalam segredos...

que me fala este enredo?
Eloisa , em 7/11/2009